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Florença: berço do renascimento

  • Foto do escritor: Virna Miranda
    Virna Miranda
  • 24 de dez. de 2024
  • 18 min de leitura

Atualizado: 6 de abr.


    Catedral de Santa Maria del Fiore
Catedral de Santa Maria del Fiore

Depois de quatro dias explorando a história ancestral de Roma, hora de conhecer a cidade batizada como o berço do Renascimento. Acordamos cedo, pegamos um taxi até a Estação Termini e às 8:50 em ponto embarcamos em nosso trem com destino a Florença. Porta de entrada para a Toscana, que estávamos ansiosos em percorrer por sete dias de carro no mais delicioso estilo slow travel, Florença é um belo ponto de partida.


A viagem de trem saindo de Roma dura aproximadamente 90 minutos. Passa rapidinho e ao adentrar em terras toscanas já dá para ir sentindo a atmosfera campestre da região. A chegada é na estação Santa Maria Novella. De lá para o centro, tem duas principais formas para chegar ao coração da cidade: pegar um táxi ou o tram. A segunda opção é mais barata e vale a pena se você estiver com pouca mala e seu hotel ficar no centro histórico. Se você chegar em Florença de avião, existe uma nova linha de trem que sai do aeroporto com partidas a cada 4 minutos e te deixa no meio do fervo. Como iríamos nos hospedar em uma área um pouco mais afastada, optamos pelo táxi.


Nosso hotel foi um pequeno achado. Apesar de não estar localizado no centro e sim numa pacata rua de uma região residencial, o Astro Mediceo é um hotelzinho pra lá de charmoso. Super confortável, com um bom café da manhã e um atendimento muito delicado.


Hotel Astro Mediceo
O pequeno e charmoso Astro Mediceo

Descobrimos que a linha de ônibus C1 que passava ali perto nos deixava em 10 minutos na área turística. De quebra, a rota desse pequeno circular fazia praticamente um city tour pelas principais atrações de Florença. Como era cedo para o check in, deixamos as malas na recepção e saímos para nosso primeiro rolê pela cidade.


Florença parece ter sido esculpida pela própria mão da arte. Em seu coração, ergue-se a majestosa Catedral de Santa Maria del Fiore, com sua cúpula desenhada por Brunelleschi, um feito arquitetônico que ainda hoje desafia o céu com sua grandiosidade. Das ruas de paralelepípedos ecoam histórias de artistas e pensadores que moldaram o Renascimento, patrocinados por uma riquíssima família de banqueiros amantes da arte, mais conhecidos como os Médici. Vamos a um pouco de história.


Os Médici foram mais que banqueiros; foram os arquitetos de uma era. Surgiram em Florença como um sopro de poder e ambição, transformando a cidade em um berço de esplendor e moldando o destino da Toscana com astúcia, influência e uma visão singular. Sob seu comando, a capital da região floresceu, não apenas como um centro comercial, mas como a alma pulsante do Renascimento. Eles ergueram a cidade com palácios, jardins e catedrais decoradas com mármore e pinturas, financiando gênios como Michelangelo, Leonardo da Vinci e Botticelli. Cada pincelada, cada afresco, cada escultura, cada cúpula que despontava no horizonte — tudo carregava a marca dos Médici. E assim, Florença tornou-se o espelho de seus sonhos e a guardiã de seu legado, eternizando a era dourada da arte e do humanismo renascentista.

Descemos do ônibus e começamos nosso tour. Conhecer Florença é uma experiência contraditória. A cidade é esplendorosa e linda, uma galeria de arte a céu aberto. As vielas e becos de paralelepípedos fazem da caminhada por seus prédios históricos uma viagem ao passado glorioso. Não tem um único lugar que se fixe o olhar que não tenha uma obra de arte à espreita. Mas ao longo dos anos, os encantos de Florença têm atraído tantos turistas que a experiência de visitar a cidade é no mínimo desconfortável. Gente pra tudo quanto é lado, filas intermináveis para entrar em qualquer que seja o museu, catedral, restaurante ou sorveteria, grupos ruidosos dentro e fora dos prédios seguindo seus guias, que vão na frente contando as curiosidades históricas em microfones imperceptíveis (até parecem que estão falando sozinhos).


Piazza della Signoria
Piazza della Signoria

Vimos situações muito parecidas em Roma, mas como a cidade é maior, essas aglomerações se dão próximas aos principais pontos turísticos, como a Fontana di Trevi ou o Coliseu, mas ainda é possível perambular por ruas mais vazias de forma tranquila e contemplativa. Em Florença, com seu pequeno centro histórico que concentra a maior parte das atrações, isso é praticamente impossível. Tendo pesquisado bastante a respeito antes de iniciar a viagem, fomos preparados: viajamos entre maio e junho, no final da primavera - menos quente e ainda não começaram oficialmente as férias na Europa - compramos nossos ingressos online com hora marcada e reservamos os restaurantes que queríamos conhecer. Isso nos ajudou a contornar as filas e reduzir um pouco os desconfortos causados pelo excesso de gente.

Centro Histórico de Florença




E vamos explorar Florença: conhecendo o Centro Histórico


Descemos do ônibus em pleno coração da cidade e a primeira vista foi impactante: estávamos diante da Catedral de Santa Maria del Fiore, também conhecida como Duomo di Firenzi, uma das atrações mais impressionantes e icônicas de Florença. A fila na porta era bem desanimadora, então seguimos para uma caminhada de reconhecimento dos arredores. Em poucos minutos chegamos ao Mercato del Porcellino, situado na Piazza del Mercato Nuovo, onde está localizada a icônica estátua de bronze Il Porcellino (ou "o Javali"). Com dezenas de barraquinhas vendendo principalmente artigos de couro e lenços, o mercado foi construído no Século XVI para abrigar o comércio de tecidos e seda. A estátua do javali foi criada pelo escultor Pietro Tacca um século depois e guarda uma tradição bem comum em vários pontos turísticos ao redor da Europa: esfregar o focinho do Porcellino traz sorte e inserir uma moeda em sua boca pode realizar desejos.


Pelo sim, pelo não, cumprimos o ritual ;-)
Pelo sim, pelo não, cumprimos o ritual ;-)

Logo ali ao lado fica uma barraquinha de street food pra lá de especial. Estou falando do Trippaio del Porcellino. Com mais de um século de história (o que não tem mais de um século nesse lugar???), o lugar mantém viva a tradição dos trippai, vendedores de tripas que fazem parte da cultura gastronômica de Florença. O destaque vai para o lampredotto - quarto estômago do boi, cozido lentamente em um caldo saboroso de tomate, cebola, aipo e salsa - servido em pão crocante, cujo topo é mergulhado no caldo para realçar o sabor. Como não sou fã de vísceras, não me animei muito. Zeca ficou bem tentado a encarar a especiaria, mas estávamos planejando conhecer o All'Antico Vinaio, que falarei mais daqui a pouco, então seguimos em frente.


A secular street food de sanduíche de tripa
A secular street food de sanduíche de tripa

O centro de Florença é repleto de lojas de marcas famosas, de souvenirs e as que mais gostamos - de produtos gastronômicos típicos da Toscana, como azeites trufados, queijos pecorino e vinhos.


Lojinha de delicinhas feitas com trufas
Lojinha de delicinhas feitas com trufas

Também achamos peculiar a temática The Duck Store, com patos de borracha caracterizados como personagens, para alegria de geeks e gamers.

Adoramos o Darth Vader Duck!
Adoramos o Darth Vader Duck!

Dois minutos de caminhada e estávamos em uma das mais lindas praças de Florença: a Piazza della Signoria. Seu principal edifício é o Palazzo Vecchio, um impressionante edifício medieval construído no final do Século XIII.


O impressionante átrio do Pallazzo Vecchio, aberto à visitação
O impressionante átrio do Pallazzo Vecchio, aberto à visitação

Originalmente, era a sede do governo de Florença; hoje é a prefeitura da cidade, mas também abriga um museu com salas decoradas e obras de arte renascentistas, além da Torre di Arnolfo, um dos marcos mais conhecidos da cidade. Para quem encarar a subida, a recompensa é o visual deslumbrante e a sensação de ter Florença aos seus pés.


A Torre de Arnolfo tem 94 metros, 406 degraus e já foi uma prisão
A Torre de Arnolfo tem 94 metros, 406 degraus e já foi uma prisão

Mas a Piazza della Signoria é uma das maiores provas que a cidade é mesmo um museu a céu aberto, com obras de arte esplendorosas espalhados ao ar livre e povoando os quatro canto da praça: Perseu com a Cabeça de Medusa, a Fonte de Netuno, a escultura de Hércules e Caco e uma réplica perfeita do Davi de Michelangelo (o original veríamos mais tarde na Accademia). Amamos essa praça e voltamos algumas vezes por ali, entre idas e vindas pelas ruelas do centro de Florença.


A réplica perfeita de Davi (de graça e sem fila!)
A réplica perfeita de Davi (de graça e sem fila!)

Esse aquecimento nos deixou como fome. Hora de provar um dos sanduíches mais emblemáticos da Toscana: o schiacciate. Esses pães achatados e crocantes são generosamente recheados com os deliciosos ingredientes típicos da culinária toscana: Prosciutto Crudo, Porchetta, creme de trufas, queijo pecorino, stracciatella... Só de lembrar me dá água na boca.


Schiacciate, o famoso sanduíche toscano
Schiacciate, o famoso sanduíche toscano

Foi na Via dei Neri que encontramos o All'Antico Vinaio, uma portinha que desde 1989 vende o melhor schiacciate de Florença, aliás, vou arriscar dizer que de toda a Itália... Tem fila? Tem. Mas hoje a portinha se multiplicou, e dos dois lados da rua estreita existem várias portinhas, de onde os atendentes vão chamando as pessoas na fila, então foi tudo muito rápido.


As múltiplas "portinhas" do All'Antico Vinaio, na Via dei Neri
As múltiplas "portinhas" do All'Antico Vinaio, na Via dei Neri

E logo descobrimos que apesar da maioria comprar seu sanduíche e sentar na calçada para comer, é possível degustar seu almoço confortavelmente em balcões e banquetas escondidos dentro das "portinhas". Tem até mesmo banheiro para lavar as mãos depois da lambança.


Compramos nossos deliciosos "schiacciate" acompanhados de uma cerveja geladinha e sentamos no balcão para nosso almoço fiorentino.
Nosso delicioso almoço fiorentino: suculentos e super recheados "schiacciati" acompanhados de uma cerveja geladinha

Nós amamos a experiência dessa refeição autêntica, deliciosa, rápida e super acessível. E descobrimos que o sucesso do All'Antico Vinaio é tamanho que já existem filiais em diversas cidades da Itália e até de outro países, como Roma, Milão, Nova Iorque, Los Angeles, Las Vegas e Dubai.


A sobremesa foi em uma das Gelaterias que pesquisamos como uma das melhores de Florença, a Perché no!


Energias repostas, continuamos nossa caminhada para finalmente chegar ao rio Arno, que corta Florença. É bem gostoso caminhar por suas margens e contemplar os edifícios históricos que se estendem dos dois lados, ligados por pontes.


O Rio Arno e os dois lados de Florença
O Rio Arno e os dois lados de Florença

A ponte mais famosa é sem dúvida a Ponte Vecchio, construída originalmente em madeira durante a época romana. Com uma travessia estratégica sobre o Arno, sua função era conectar as duas margens do rio, facilitando o comércio e o deslocamento. Após ser destruída inúmeras vezes por enchentes, a ponte foi reconstruída em 1345, dessa vez em pedra (segundo registros históricos) e a atual configuração é atribuída ao arquiteto Taddeo Gaddi, embora isso não seja confirmado com certeza.


Ponte Vecchio: um ícone de Florença
Ponte Vecchio: um ícone de Florença


Além de conectar a cidade, a Ponte Vecchio funciona como um exótico centro comercial de joalheiras e relojoarias. O mais interessante dessa história é que originalmente as lojas que hoje ocupam o lugar eram usadas por açougueiros, peixeiros e curtidores, até que o Grão-Duque Ferdinando I de Médici resolveu dar um fim ao mau cheiro dessas atividades, que ainda por cima poluíam o belo Arno.


Que tal um souvenir???
Que tal um souvenir???

Como todas as principais atrações de Florença, a ponte é tomada de gente e atravessá-la não me encantou muito. Vou confessar que não entendi bem o sentido daquilo. Lojas de jóias caríssimas, acessíveis a muito poucos, em um lugar entupido de turistas perambulando para lá e para cá.



Para mim valeu mais seguir adiante até a Ponte Santa Trinitá, onde conseguimos sentar tranquilamente na murada e apreciar a linda paisagem de um ângulo privilegiado.




E ainda aproveitamos para dar um pulinho no outro lado, onde fica o bairro conhecido como Oltrarno (no bom português, "do outro lado do Arno") e tomar um belo sorvete em umas das boas e recomendadas gelaterias da cidade, que leva o mesmo nome da ponte: a Gelateria Santa Trinitá. Gelatos na mão, fizemos um breve passeio pelas ruas de Oltrarno, onde voltaríamos no dia seguinte para conhecer o Palazzo Piti e os Jardins de Boboli.


Galleria dell'Accademia


A essa altura, a tarde já chegava ao fim e tínhamos ingressos para às 17:15, para conhecer a Galleria dell'Accademia. Mesmo com hora marcada, aguardamos um pouco na fila para conseguir entrar. A principal atração desse museu é o Davi, de Michelangelo. A estátua com mais de 5 metros de altura foi esculpida entre 1501 e 1504 e é considerada uma obra-prima do Renascimento. Feita a partir de um bloco colossal de mármore Carrara, ela retrata com maestria o momento de concentração de Davi antes de enfrentar Golias: os músculos tensionados, as veias saltadas, o olhar determinado... Uma combinação magistral da força do corpo humano com a expressão facial que nos passa ao mesmo tempo coragem e serenidade.


Você se sente pequeno diante desse gigante de mármore.
Você se sente pequeno diante desse gigante de mármore

Mas apesar da oportunidade única de ver essa obra-prima de perto, confesso que a Accademia foi uma pequena decepção para nós. O acervo é bem restrito se comparado com a impressionante e gigantesca coleção da Galleria degli Uffizzi, que visitaríamos no dia seguinte. Além do Davi, é possível admirar outras esculturas de Michelangelo (algumas inacabadas), além de uma seleção de pinturas renascentistas de artistas renomados como Botticelli, Domenico Ghirlandaio e Pontormo.


Sala com esculturas, bustos e moldes que retratam o processo criativo dos artistas
Sala com esculturas, bustos e moldes que retratam o processo criativo dos artistas

Se seu tempo em Florença por curto, talvez fosse melhor optar pela Uffizzi e substituir a Accademia por outras atrações (eu teria feito isso se tivesse pensado melhor). Até porque sempre é possível ver a réplica perfeita de Davi na Piazza della Signoria - de graça, sem fila e de quebra dá para tirar ótimas fotos, sem ter que disputar o espaço com dezenas de turistas aglomerados em frente à estátua.


Quando saímos da Accademia, chovia, já estava escuro, estávamos cansados e com fome. Voltamos então para o hotel, para finalmente fazer o check in e tomar um banho antes do jantar.


Uma experiência gastronômica autêntica em Florença


O primeiro dia em Florença foi intenso, mas o melhor estava reservado para o final! Tínhamos reserva em restaurante indicado pelo chef Leonardo Abreu em um dos seus vídeos de YouTube e essa foi uma das melhores descobertas da viagem! A Fratelli Briganti é uma tratoria de bairro, não fica no centro, e tivemos que pegar um táxi para chegar lá. Fica numa praça pacata, cercada por casas residenciais. Mas não se engane! O lugar é lotado de segunda a segunda! Por locais, claro! Nem pense em ir sem reserva, impossível conseguir uma mesa. Fundada em 1960, pelos "fratellos" Briganti, a tratoria tem um cardápio simples, mas de sabor inigualável. As massas e molhos são artesanais, e também tem pizza e a famosa bistecca alla fiorentina. Mas o carro-chefe da casa é o Spaghetti ao Pomodoro del Briganti, que é simplesmente espaguete com muito molho suculento de tomates fresco e coberto generosamente por queijo parmesão pecorino ralado. De comer rezando, ainda mais se acompanhado por um bom Rosso di Montalcino e finalizado por um Limoncello geladinho.



E a cereja do bolo: a comida é farta, o atendimento é impecável e os preços são muito justos. Sem falar da atmosfera: a cozinha é aberta, dá para ver os cozinheiros preparando massas e molhos em tachos fumegantes, enquanto o salão vibra com aquela confusão de vozes falando animadamente em italiano, numa alegre interação entre garçons e clientes que devem se conhecer desde que a casa abriu suas portas. Amamos tanto, mas tanto, o Briganti, que voltamos mais uma vez para uma despedida, em nossa última noite em Florença, "pós-Toscana"...


Galleria Degli Uffizzi


Começamos nosso segundo dia em Florença com a visita à Galleria Degli Uffizzi. Mas conhecido como Uffizzi, esse é um dos museus de arte mais renomados e importantes

do mundo e abriga uma impressionante coleção de obras-primas de imortais renascentistas como Botticelli, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rafael, Caravaggio e muitos outros. É realmente emocionante ficar frente a frente com algumas das obras mais importantes da humanidade.


O Nascimento de Vênus foi encomendado por por Lorenzo di Pierfrancesco de' Medici a Sandro Botticelli para decorar sua casa.
O Nascimento de Vênus foi encomendado por por Lorenzo di Pierfrancesco de' Medici a Sandro Botticelli para decorar sua casa.

Pintado em 1482, por Boticelli, a Primavera é considerado um dos quadros mais populares na arte ocidental
Pintado em 1482, por Boticelli, a Primavera é considerado um dos quadros mais populares na arte ocidental

Percorrer os corredores e galerias do Uffizzi é fazer uma viagem no tempo pela história da arte e um grande privilégio. O lugar é gigante. Além das pinturas magistrais, a coleção inclui um acervo impressionante de esculturas, estátuas romanas e gregas, afrescos e tapeçarias, organizadas por temas e períodos que retratam a evolução da arte renascentista. Reserve umas três horas para conseguir ver tudo e não deixe de comprar ingresso com hora marcada, para não penar na fila. Ah, e é bom reservar uma boa dose de paciência para conviver com as centenas de pessoas percorrendo os corredores e se aglomerando na frente das obras para tirar fotos intermináveis.




Provando a famosa Bistecca alla Fiorentina


Saímos da Galleria Degli Uffizzi famintos e resolvemos experimentar a famosa Bistecca alla Fiorentina, um prato tradicional da cozinha toscana e uma das especialidades mais icônicas de Florença. Este suculento corte de carne é conhecido por sua simplicidade, autenticidade e sabor intenso, tem origens antigas, remontando à época da família Médici (sim, eles de novo...). Reza a lenda que o prato era servido em grandes festas e celebrações na cidade. Todo mundo fala que essa é uma experiência obrigatória para quem visita a Toscana, mas estando em casal, é uma missão difícil, porque os cortes são gigantes.


A famosa Bisteca alla Fiorentina
A famosa Bisteca alla Fiorentina

Caminhando pelo centro turístico, descobrimos o Museu della Bistecca, que vendia peças menores. O lugar é meio turistão e certamente devem haver restaurantes bem melhores em Florença para provar uma autêntica bisteca, mas valeu a experiência.




Flanando por Florença


Florença é a cidade perfeita para flanar sem destino. Cada ruela desponta em uma praça ou edifício deslumbrantes e repletos de história. Nosso plano para a tarde era visitar o Pallazzo Pitti e os Jardins de Boboli, que ficam em Oltrarno e durante nossa caminhada até o outro lado do rio, aproveitamos para registrar alguns cantinhos mágicos da cidade.





Palazzo Pitti e os Jardins de Boboli


Do outro lado do Arno, a poucos passos da Ponte Vecchio, estão dois marcos icônicos de Florença. Construído no Século XV, o Palazzo Pitti foi encomendado por Luca Pitti, um rico banqueiro florentino e rival político da família Médici. O suntuoso palácio renascentista acabou virando a residência oficial dos Médici após a falência dos Pitti, provocada por sua ambição e ânsia por competir com seus rivais.


A impressionante fachada do Palazzo Pitti
A impressionante fachada do Palazzo Pitti




Atualmente, o Palazzo Pitti abriga diversos museus, como a Galeria Palatina, que contém uma vasta coleção de pinturas renascentistas, incluindo obras de Rafael, Tiziano e Rubens. Como nosso tempo em Florença estava ficando curto, e já havíamos passado três horas percorrendo os corredores do Uffizi pela manhã, optamos por não visitar o interior do palácio e dedicar nosso passeio aos Jardins de Boboli. Vale ressaltar que o ingresso da Galleria degli Uffizi vale para entrar tanto no Pitti quanto nos Jardins.



Localizados logo atrás do grandioso palácio, os Jardins de Boboli são um exemplo clássico de jardins renascentistas italianos, que combinam simetria, geometria e vistas panorâmicas.


Os Jardins de Boboli serviram como inspiração para muitos jardins europeus, incluindo os de Versalhes.
Os Jardins de Boboli serviram como inspiração para muitos jardins europeus, incluindo os de Versalhes.

Recheados de caminhos arborizados, fontes ornamentais, labirintos, grutas, estátuas e outras obras-primas de arte e engenharia, o lugar é perfeito para passear sem pressa. Alguns destaques da impressionante coleção dos Médici são a Vênus de Boboli, o Cavaliere d'Arpino e a Fonte de Netuno.


É na Fonte de Netuno que são coletadas as águas que irrigam todo o jardim.
É na Fonte de Netuno que são coletadas as águas que irrigam todo o jardim.

Foi uma delícia sentar na grama e relaxar, enquanto ouvíamos música baixinho e curtíamos o visual.




A vista de Florença lá de cima é fenomenal. Ao fundo, a cúpula do Duomo e a Torre do Relógio do Palazzo Vecchio.
A vista de Florença lá de cima é fenomenal. Ao fundo, a cúpula do Duomo e a Torre do Relógio do Palazzo Vecchio.

Uma taça de vinho que sai por uma portinha mágica?


Funciona assim: você toca o sininho, a portinha se abre e alguém aparece para saber qual o seu pedido. Você pede uma taça de vinho e paga. A portinha se fecha e você aguarda.



Em alguns minutos a mágica se faz e voilá! Sua taça aparece cheia, diretamente da janelinha. Estamos falando das Buchette del Vino, também conhecidas como "janelinhas do vinho".


As histórias que envolvem essas seculares janelinhas de pedra são um fascinante pedaço do passado florentino.
As histórias que envolvem essas seculares janelinhas de pedra são um fascinante pedaço do passado florentino.

As pequenas aberturas, embutidas nas fachadas de edifícios antigos em Florença e outras partes da Toscana, foram criadas durante o Renascimento, no século XVII, para facilitar a venda direta de vinho pelas famílias nobres proprietárias de vinhedos.


Foi legal descobrir que durante a pandemia comerciantes resolveram resgatar a tradição como uma forma segura de servir vinho aos passantes, transformando o antigo hábito em uma charmosa e divertida atração de Florença. Você pode encontrar buchette em áreas como o Oltrarno ou nas ruas próximas ao centro histórico, como a Via delle Belle Donne ou a Via Santo Spirito - é só colocar no Google Maps.


No caminho para visitar o Duomo (nossa próxima parada), nos deparamos com a Buchetta del Vino dello Strozzino, uma das mais antigas e notáveis "janelinhas do vinho" de Florença e, claro, paramos para degustar uma tacinha de vinho e conferir essa inusitada experiência.


A Buchetta del Vino dello Strozzino está localizada no Palazzo dello Strozzino, na Piazza degli Strozzi.
A Buchetta del Vino dello Strozzino está localizada no Palazzo dello Strozzino, na Piazza degli Strozzi.

Santa Maria del Fiore (Duomo di Firenzi)


Finalmente chegou o momento de conhecer de perto um dos maiores ícones de Florença: a Catedral de Santa Maria del Fiore, mas conhecida como o Duomo di Firenzi. O edifício majestoso é onipresente na paisagem da cidade. É possível avistar sua cúpula e sua torre de diversos locais. E andando de uma atração para outra, você certamente passará algumas vezes em frente à sua fachada impressionante.


De estilo gótico, a fachada é revestida de mármore branco, verde e rosa, e adornada com esculturas, relevos e detalhes intrincados.
De estilo gótico, a fachada é revestida de mármore branco, verde e rosa, e adornada com esculturas, relevos e detalhes intrincados.

Já tive a oportunidade de conhecer catedrais magistrais como a Notre-Dame, em Paris ou a Basílica de São Pedro, em Roma. A Catedral de Santo Estevão, em Viena, particularmente roubou meu coração, com seu telhado de mosaico que fez meus olhos encherem de lágrimas. O Duomo di Firenze definitivamente entrou para as top 5, ao lado da Catedral de San Vito, no Castelo de Praga.


A Santa Maria del Fiore é uma das maiores catedrais da Europa e seu principal marco é o impressionante domo projetado por Filippo de Brunelleschi, uma das maiores realizações da arquitetura renascentista. A construção de tijolos vermelhos é uma estrutura engenhosa que domina o horizonte de Florença - que você pode ver do alto se estiver disposto a subir os 463 degraus até o topo.



Entrar na catedral é gratuito, mas não é uma tarefa fácil. As filas costumam ser gigantescas. Para nossa sorte, como chegamos no final da tarde, já próximo ao horário de encerrar as visitas, a fila não estava grande, e entramos rapidamente. E ainda fomos premiados pelo ensaio de um coral eu rolava nos fundos da nave. Ficamos lá absortos com a beleza arquitetônica da catedral, enquanto a música ecoava pelas paredes, como no cenário de um filme.


Último jantar antes de partir para a Toscana


Foi um dia intenso, e estávamos bem cansados. Resolvemos emendar o jantar antes de voltar para nosso hotel. Escolhemos a simpática, porém meio turística, Osteria La Dolce Vita, em uma ruela do centro histórico. A comida foi bem mediana (depois de conhecer o Briganti, a tarefa de nos impressionar era meio árdua).



Mas valeu para fechar, por hora, nossa jornada por Florença. No dia seguinte, partiríamos para nossa aventura de carro pela Toscana. Mas a seguir, já vou adiantar o que fizemos na tarde que retornamos para uma última noite em Florença, antes de pegar o trem para Roma.


Mercato di San Lorenzo


Se tem um lugar que a gente ama visitar em nossas viagens são os mercados centrais das cidades. Geralmente eles ficam em lindos edifícios históricos e oferecem uma experiência gastronômica autêntica e acessível. Fomos então conhecer o Mercato di San Lorenzo. Instalado em um edifício de ferro e vidro, projetado pelo arquiteto Giuseppe Mengoni, o Mercato Centrale de Florença data de 1874.


No piso térreo, você encontra produtos frescos e ingredientes, onde os vendedores exibem seus produtos em bancas coloridas. Mas para viver a experiência gastronômica de explorar a rica tradição culinária da Toscana e experimentar produtos frescos, alimentos autênticos e pratos tradicionais da região, suba as escadas que levam ao Primo Piano.


Nos deparamos com uma gigante galeria com dezenas de restaurantes, quiosques e barraquinhas onde é possível fazer um passeio pelas mais diversas delícias da Toscana: pizza, massas, sanduíches, carnes grelhadas, gelatos... Hummm....


Você compra e senta em uma das mesas coletivas no centro
Você compra e senta em uma das mesas coletivas no centro

Ou faz como a gente: escolhe um charmoso balcão, pede uma boa taça de vinho geladinho e degusta maravilhosos tapas de frutos do mar fresquinhos.





Tem até uma escola de cozinha modernosa
Tem até uma escola de cozinha modernosa

Adoramos e recomendamos um almoço no Mercato Centrale. Quanto aos preços, não é barato. Se você se empolgar e pedir diferentes tipos de comidinhas, e tomar vinho ou um Apperol, por exemplo, vai gastar praticamente o mesmo que gastaria em um restaurante. Mas vale pela experiência.


A Farmácia Santa Maria Novella


Nas minhas pesquisas do que visitar em Florença, eu havia lido que a cidade abriga uma das farmácias mais antigas do mundo, e claro que fiquei morrendo de vontade de conhecer. A Officina Profumo-Farmaceutica di Santa Maria Novella existe desde o Século XVII e fica faz parte do convento da basílica de mesmo nome.


Como tudo em Florença, tinha uma fila considerável na porta. Não muito animado para a empreitada, Zeca resolveu sentar em uma mesinha no café em frente e me esperar. Confesso que eu também quase desisti, mas que bom que resolvi encarar a fila. Em cerca de 15 minutos eu estava dentro de um dos lugares mais incríveis que já visitei! Logo na entrada flores e mais flores formam lindos arcos para saudar os visitantes. O cheiro é maravilhoso, dando o tom dessa experiência sensorial que te transporta pelo tempo.


Arcos de flores, lustres magníficos, piso de mármore e um cheiro inebriante me saudaram já na entrada
Arcos de flores, lustres magníficos, piso de mármore e um cheiro inebriante me saudaram já na entrada

A Farmácia é chiquérrima, para dizer o mínimo. Sabonetes, cremes, velas e perfumes com fórmulas exclusivas e seculares (que não tive coragem nem de perguntar o preço) são expostos em três salas, cada uma mais linda que a outra: a Antica Spezieria, a sala Verde e a maior, a sala Vendita, originalmente uma das capelas do convento.


Afrescos nas paredes, armários antigos, pisos que são verdadeiras obras de arte e flores por todos os lados fazem da atmosfera da farmácia uma experiência sensorial
Afrescos nas paredes, armários antigos, pisos que são verdadeiras obras de arte e flores por todos os lados fazem da atmosfera da farmácia uma experiência sensorial

Soube que o lugar é frequentado por clientes ilustres, como o chef Alain Ducasse e a atriz Catherine Deneuve, mas também já foi a favorita da rainha Catarina di Médici, que ajudou a fazer a fama da farmácia porque só usava a Acqua di Colonia Santa Maria Novella, até hoje o produto mais vendido por lá. Aliás, muitas das fórmulas seguem a receita original.


A forma de expor os produtos é sensacional. Adorei essas queijeiras cm sabonetes dentro.
A forma de expor os produtos é sensacional. Adorei essas queijeiras cm sabonetes dentro.

Pense no cheiro dessas velas, mas não me pergunte o preço!!!
Pense no cheiro dessas velas, mas não me pergunte o preço!!!

Para deixar o programa ainda melhor, estava rolando uma exposição temporária, totalmente sensorial, com imagens de flores projetadas em uma sala toda de espelhos, embalada por uma linda trilha sonora. Amei!!!


Blooming Paradise, uma instalação audiovisual, em homenagem à Primavera.
Blooming Paradise, uma instalação audiovisual, em homenagem à Primavera.

Fechando com chave de ouro, da janela de uma das salas é possível avistar o lindo átrio do convento.


O átrio do Convento da Igreja de Santa Maria Novella
O átrio do Convento da Igreja de Santa Maria Novella

Nossa viagem para Florença foi dividida em duas etapas - antes e depois da Toscana. Foi lá que pegamos o carro alugado para nossa road trip de sete dias pelos campos e cidades medievais da região - com uma fugida improvisada para conhecer o lindo lago Trasimeno, na Umbria. De volta a Florença, aproveitamos a última tarde para alguns programas que não deram tempo antes e ainda voltamos ao Fratello Briganti para o jantar de despedida. Na manhã seguinte, bem cedinho, pegamos o trem de volta a Roma, de onde embarcaríamos no voo da Tap para Lisboa (com direito a stop over) e de lá para o Brasil.


Uma última super dica: se você estiver em Florença e for voltar a Roma somente para pegar um voo, pode comprar o ticket de trem direto para o Aeroporto Fiumicino. A estação fica dentro do aeroporto, e considerando a pontualidade desse sistema de transporte, é bem muito prático se o seu voo for na sequencia e você ainda economiza uma diária somente para pernoite em Roma e o traslado do hotel até o aeroporto. Foi o que fizemos e deu super certo!


Como despedida, deixo aqui a imagem mágica do sol se pondo por trás da Ponte Vecchio. Lindo demais!


O pôr do sol em Florença é um espetáculo a parte
O pôr do sol em Florença é um espetáculo a parte

Quer saber mais sobre nossa viagem pela bela Itália? Clica nos links abaixo. Em breve, também vou subir um post bônus sobre nosso stop over em Lisboa.
















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